sábado, março 24, 2018

Marcha Básica em Madrid

Gran Via 24/03/2018

Estava eu tranquilamente escrevendo sobre a Semana  Santa, que amanhã se inicia com o Domingo de Ramos, quando ouvi canções e repetições de palavras de ordem, aproximando de onde me hospedo na Gran Via. Apesar do frio ( hoje entre 2 e 11 graus ), abri portas e fui para a sacada, com minha inseparável  câmera.


                       


A primeira imagem que vi foi essa: à frente do que logo entendi que ser uma marcha, vinham diferentes carros policiais, sem alardes e mantendo certa distância dos manifestantes. 


                      



Aos poucos, fui constatando que se tratava de uma Marcha Básica com protestos e propostas bem claros e bem definidos. Como esse evento teve seu término há  menos de meia hora, não tive ainda tempo de ler sobre  ele - nada sei, por exemplo,  sobre sua organização e seus objetivos, além do que mostravam as faixas.


                                    


Apesar do frio de doer, muita gente participava. Não havia predomínio de cores ou de símbolos. Emocionaram-me a beleza e a unidade das vozes que entoavam canções ou  repetiam, coletivamente, 
palavras de ordem ou respostas a questionamentos. Chorei! Multidão sempre me faz chorar.


                         



À frente de cada grupo, separados por faixas onde podiam ser lidos o leitmotiv da marcha, estavam sempre muitos fotógrafos registrando diferentes ângulos. Podiam ser observadas conversas tranquilas entre esses profissionais - assim também podiam ser observados policiais com os uniformes que os identificavam e com cara descoberta.

                            



Um grupo bem representativo era este :  o da Coordenadoria de Pensionistas em Defesa do Sistema Público de Pensões. Parece que estamos, no Brasil, vivendo esse mesmo problema, Não sei, entretanto, se o estamos encarando com a mesma disposição de luta dos jubilados atuais e futuros que vivem na Espanha. Ou estamos...e eu sou tão alienada que não o percebo, embora sabendo que vai sobrar para todos nós...


                                            



Podem observar pelas fotos que muitas pessoas participavam da marcha. Não costumo arriscar números ou percentuais sem que venham de  fontes fidedignas. Esse é um dado altamente  manipulável  de acordo com a impressão do muito ou do pouco  que convém demonstrar para justificar argumentos ou dar densidade a informações.



                               



Na foto acima, poderão ver alguns motivos que aumentaram minha tristeza em relação ao que estamos acostumados a ver. Táxis e ônibus trafegavam com normalidade na via por onde costumam passar. Pessoas caminhavam pelas calçadas sem demonstrar medo ou stress. Tranquilos. Poderiam concordar ou não com as propostas, mas respeitavam o direito de elas serem explicitadas. Notícias aqui: https://www.google.es/search? Marcha+Basica+em+Madrid&oq=Marcha+Basica+em+Madrid&aqs=chrome..69i57.31991j0j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8







Talvez essa postura dos espanhois na passeata de hoje  tenha me sensibilizado ainda mais porque vi hoje, no Facebook, a foto de um acontecimento triste, feio, brutal, que nos agride como população, como gaúchos  e como seres humanos. Um homem - não sei como qualificá-lo - batendo com um relho comprido, nas costas de uma pessoa. Quem suportaria ver, passivamente, essa cena se o agredido fosse um cachorrinho ou um animal qualquer? Como aceitaria esse horror em uma pessoa?


                                          



Esse evento referido acima  e  registrado na foto, vai nos fazer passar tanta vergonha quanto aquela  do leite sendo adulterado por alguém que cantava : Sirvam nossas façanhas/ de modelo a toda a terra...Não se pode aceitar uma cena assim nem como brincadeira ou farsa. Lamento muito que tenha acontecido no Brasil...no Rio Grande do Sul...


                                        


Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmãos todos os homens
Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu..."

Fernando Pessoa



quarta-feira, março 14, 2018

Belgrado: preparação de viagem




Na próxima semana, iniciarei uma viagem que tem como foco inicial os sete países da ex - Yugoslávia. Alguns desses países, já os conheço. Outros, é a primeira vez que os visito. De todos esses países, fiz um estudo o mais aprofundado que o tempo disponível me permitiu. Exemplificarei com a Sérvia, país que sempre quis visitar, mais especificamente, com Belgrado, sua histórica capital.






As fotografias que estou usando para  ilustração desta postagem - espero mais tarde substituí-las por fotos que farei na Sérvia - são todas da Rússia, feitas por mim , em 2016, numa viagem a São Petersburgo, Moscou, Vladimir, Susdal e Rostov. 






Continuando, conto-lhes que já tenho bilhetes aéreos para o trecho Zagreb / Belgrado. A oferta de trens não me é muito abundante. Pela primeira vez, experimentarei uma cia. servia - que não me pareceu  uma Kombi Voadora. Feita a viagem, contarei detalhes. O aeroporto está distante 12 km da capital. Certamente o translado aeroporto/centro será minha primeira experiência local de transporte coletivo.






Belgrado é a capital e a maior cidade da Sérvia. Está localizada entre a confluência dos rios Danúbio e Sava, no norte da Sérvia. É uma das maiores cidades cortadas pelo  rio Danúbio - o segundo maior rio , em extensão, da Europa, só perdendo para o Volga. Ele  foi imortalizado por Strauss, na valsa Danúbio Azul - https://www.youtube.com/watch?v=foQpms3L9gU






Com um nome que lhe foi dado pelos Celtas e que significa Cidade Branca, Belgrado é uma das mais antigas cidades da Europa, com uma história de 7 mil anos. Li que Belgrado já passou por mais de 100 guerras, tendo sido destruída cerca de 40 vezes! A  última guerra é bem recente - foi a guerra do Kosovo, em 1999 ( portanto nada de comprar uma camiseta na Sérvia e depois usá-la em Kosovo... portanto nada de um ostensivo I Love Sérvia! rsrs ).






O núcleo histórico de Belgrado é denominado Kalemegdan  e está localizado na margem direita dos rios Danúbio e Sava. Pretendo traçar toda a área - o advil já está na bolsa! A parte mais moderna foi construída na margem esquerda do rio Sava. Há duas pontes ligando esses rios que merecem ser visitadas: a ponte Branko e a ponte Gazela, que fazem a conexão entre o Centro Histórico e a Nova Belgrado.






Em diferentes blogs e guias de viagem, li que os melhores períodos para visitar a Sérvia é de março a maio e de junho a agosto. Òtimo! irei em abril. Não gosto de viajar para país  europeu no verão. Dos meses  de julho e agosto, então, fujo  mesmo:  trens cheios, hoteis e restaurantes com preços mais altos, filas enormes e muitooooos  turistas por toda parte.






Fiz algumas anotações que me podem ser bastante úteis, uma vez que os sérvios usam dois alfabetos ( o latino e o cirílico - e quase nada sei de cirílico ). Por exemplo, preciso saber que  Pékaras - padarias, dizem que os pães são excelentes e variados;  pasulj, prato típico feito com feijão e temperado com muita carne de porco; Burek, torta de carne, queijo ou vegetais servida com iogurte. Penso que vou gostar dessa última opção!





A moeda do país é o Dinar Sérvio. Com 100 dólares, posso comprar mais ou menos 8.500 dinares - DIN.   Não sei o que isso significa...mas dizem que é um dos países mais baratos da Europa. Pelo Booking.com - que abro aqui mesmo no correndomundo - já reservei um hotel, que me pareceu bem localizado, confortável e com preço razoável. Se for bom mesmo, ao retornar darei o endereço.





Muitas  informações de Belgrado, bem como a inspiração para visitá-lo, vieram-me de Claudia Liechavicius, através  do seu excelente blog Viajar pelo Mundo. Meu agradecimento a ela. http://www.viajarpelomundo.com/2009/07/nova-belgrado-em-tempos-de-paz.html O post tem essa interessante denominação : A Nova Belgrado, em Tempos de Paz. Obrigada, Claudia. 





Toda viagem traz surpresas por mais que a gente estude e pense sobre os lugares a serem visitados. Estou curiosa, muito curiosa até mesmo pela cadeia sonora da língua, pois me encantam as línguas eslavas, de conheço um pouquinho, através do slovaco e do tcheco.








































Quero um tempinho a mais disponível para ir a histórica cidade de Nis, onde nasceu Constantino, o Grande.Gostaria também de conhecer Zlatibor. Serei muito grata ao Universo se a viagem for como penso que será. Costumo me sentir em casa,  em qualquer lugar. Enchallad!









































" Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmão todos os homens
Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu...."

Fernando Pessoa




sexta-feira, março 09, 2018

Fernando Pessoa - bom fim de semana com flores, pedras e rios.




Li hoje quase duas páginas
Do livro de um poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.







Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.






Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.






Mas flores, se sentissem, não eram flores
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.







É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores e dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.






Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente.
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era Natureza

Fernando Pessoa





terça-feira, março 06, 2018

2018 : roteiros e "gente como a gente" ....3a. Parte























O roteiro do meu último mês de permanência na Europa, em 2018/1, está parcialmente aberto. Não consegui entrar em acordo " comigo mesma " sobre o que fazer e o que ver ou rever na Espanha. Decidido  mesmo é que irei a Granada de que tanto gosto e à histórica Antequera. Nessas  duas cidades, permanecerei durante uma semana, fazendo viagens rápidas  a  duas outras  cidades da maravilhosa Andaluzia.






Decidido também está que continuarei a explorar os Pueblos Blancos. Já tenho, por essa razão,  uma reserva de hotel para hospedar-me durante uns 10 dias, em Arcos de la Frontera,   cidade a partir da qual visitarei outros  tantos Pueblos. Como essa permanência será em final de maio e início de junho, terei que considerar a temperatura, já que, nessa região, pode-se chegar facilmente até 45  graus.





Pueblos Blancos são  históricos e encantadores vilarejos ou cidades de montanha, com casas caiadas - todas muito branquinhas é óbvio - no mais tradicional estilo mouro. São muitos, com diferenças e com atrações diversas, o que torna difícil a seleção do que ver. A cada ano, elejo alguns para visitar. Adianto, entretanto, que Ronda continua sendo a minha favorita na região.







Em Arcos de la Frontera,  a mais populosa cidade da Província de Cádiz, será, como escrevi acima, minha base, a partir da qual visitarei outros  tantos Pueblos.   Em Arcos, fundada por romanos,  pode-se visitar, entre outras atrações,  o Castelo dos Duques, famoso pela sua fachada barroca e renascentista, as muralhas e, no centro histórico, os arcos de estilo gótico.






De Arcos de la Frontera, penso fazer um bate-e-volta a El Bosque, que está distante apenas 27 km e localizado ao pé da Sierra de Grazalema. Nesse pueblo, me encantaria ver os moinhos de água e o seu famoso Jardim Botânico.  É um Pueblo Blanco  que está na entrada do Parque Natural dessa Serra. El Bosque pode ser um dos caminhos para se chegar a  outros povoados que me interessam, como Ubrique, Grazalema - no centro da serra do mesmo nome - e Puerto de el Boyar.







Os Pueblos Blancos já por mim selecionados para visitar em 2018, além de Arcos de la Frontera e El Bosque,  são:  Bornos, Ubrique, Grazalema, Olvera, Zahara de la Sierra, Setenil de las Bodegas e Algodonales. Posso, obviamente,  suprimir alguns desses ou trocar por outros, à medida que for fazendo descobertas na região. É importante saber  que não existe uma rota dos Pueblos Blancos. Eles estão dispersos da costa à montanha. A  rota, cabe a cada viajante fazer a sua.





Em Bornos, sei que há uma histórica torre fortificada, construída pelos árabes,  e que  são famosos seus mosteiros, conventos e igrejas, bem como o Castelo/Palácio dos Ribera, que dizem ter um belíssimo jardim renascentista. Ainda não sei em que momento incluirei Vejer de la Frontera neste recorrido - mas quero muito ver essa cidade, que se localiza no alto de uma colina.  







Em Ubrique, o mais rico e maior pueblo da Sierra de  Grazalema,  encontram-se ruínas
da ocupação romana; em Setenil de las Bodegas estão as casas que foram construídas aproveitando a encosta; já Olvera tem fama de ser imponente e bela.     Espero surpresas agradáveis e valiosas descobertas no desenrolar deste roteiro.




   


Percebo que este esboço de roteiro está confuso e talvez sem uma consistente lógica espacial.Isso aconteceu porque me dediquei ultimamente a estudar os países da ex-yugoslávia e mais um pouco da Jordânia e deixei a última parte do meu roteiro para finalizar ainda durante a viagem. Depois de estudar mais e até mesmo depois de percorrer os Pueblos Blancos, farei, com certeza, um texto definitivo e de melhor qualidade. Prometo!

























" E é sempre melhor o impreciso que embala do que o certo que basta,  porque o que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta.  E nada que se pareça com isso devia ser o sentido da vida...."

Fernando Pessoa

Em Darmsala, esperando passar o Dalai Lama.