sexta-feira, agosto 23, 2013

" Lá vou eu..."

Igreja Metodista de Paxton
Após alguns bate-e-volta que  pretendo em breve comentar, decidimos iniciar, amanhã cedo, a última viagem desta temporada americana. Iremos de Paxton para  uma reunião de família, em Bluffton, no estado de Indiana. De lá, iremos para o estado de Ohio, a fim de visitar três cidades que nos parecem bem interessantes: Dayton, Columbus, a capital do estado, e Cincinnati. 

Igreja Metodista de Paxton
É minha primeira visita a Ohio. Ao retornar , farei a contagem dos estados americanos que conheço e a seleção dos que pretendo conhecer no próximo ano. Ronald leva muito a sério a decisão de me levar a visitar os 50 estados do país dele. Ao retornar, será também a hora de organizar a bagagem e voltar ao Brasil. Sentirei saudades daqui, como sinto saudades de lá  ... e de muitos outros lugares - mas é boa essa saudade de coisas acontecidas, pois, como escreveu Fernando Pessoa: "...não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!"

Iowa, outra promessa de retorno.

I-80 em Iowa
Depois de atravessar Nebraska e Iowa, sedimentei a convicção de que a singularidade desses estados reside nas suas imensas terras, onde se pode viajar horas sem ver nada além de plantações, linhas de transmissão, trilhos ferroviários e , de longe em longe, silos e fazendas. Sei que os dois estados têm cidades interessantes - encantaram-me, entretanto,  as paisagens extensas e as nuances de verde, distribuídas em colinas ondulantes.É cenário perfeito para filmes ambientados em meio rural. Já mencionei aqui, no Correndomundo, um filme feito em Iowa, que teve muita aceitação do público. Refiro-me a Pontes de Madison.

Ponte sobre o rio Missouri
"Após a morte de Francesca Johnson (Meryl Streep), uma proprietária rural do interior do Iowa, seus filhos descobrem, através de cartas que a mãe deixou, o forte envolvimento que ela teve com um fotógrafo (Clint Eastwood) da National Geographic, quando a família se ausentou de casa por quatro dias. Estas revelações fazem os filhos questionarem seus próprios casamentos."http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-33738/filmografia/melhores/

Sou fã de Clint Eastwood
As famosas pontes de Madison estão localizadas no Condado de Madison, em Iowa. São de madeira,com paredes e com teto que São  as protege dos efeitos causados pelo clima, aumentando-lhes a durabilidade.O filme As Pontes do Madison as tornaram-nas muito populares, atraindo a atenção dos turistas. As pontes são hoje largamente visitadas, tanto que os estados americanos oferecerem roteiros para conhecê-las. Em Iowa, é a Câmara de Comércio que distribui mapas e folhetos sobre pontes cobertas.

Ponte coberta em Madison - foto da internet
Não fizemos o roteiro das pontes cobertas por duas razões: seria muita tietagem e precisávamos voltar logo para dar continuidade às comemorações do meu aniversário. Afinal eu estava retornando com 70 anos! Passamos rapidamente por Sioux City, Des Moines, a capital do estado, Iowa City, a antiga capital, e Davenport, localizadas às margens do Mississippi, próxima à divisa com Illinois. Como gosto de rios e de pontes, fiquei grata por ter visto os limites de Iowa, ao oeste, com o rio Missouri e, a leste, com Mississippi.

Rio Mississippi

O nome do estado provém do povo nativo americano Iowa que habitavam a região. Os primeiros europeus a explorarem esse estado foram os franceses Louis Joliet e Jacques Marquette em 1673, e que descreveram a região como verde e fértil. Os primeiros assentadores brancos instalaram-se na região em junho de 1833. Hoje, 92% da população do Estado são brancos, e o maior grupo étnico do Iowa são os alemães, que compõem 35,7% da população do Estado. Em 28 de dezembro de 1846, o Iowa tornou-se o 29º Estado da União.Fonte:pt.wikipedia.org/wiki/Iowa

Iowa é o maior produtor de etanol nos US
Quando ultrapassamos a divisa Iowa/Illinois, já me senti em casa. Só paramos em Champaign para almoçar e logo chegamos a Paxton, onde nos esperavam almoços e jantares comemorativos ao meu aniversário. Foi realmente ótimo me sentir lembrada e festejada. Até escrevi um texto sobre fazer 70 anos. Prometo publicá-lo assim que o encontrar. Não deixo, no entanto, de pensar que:

O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.

Fernando Pessoa

segunda-feira, agosto 19, 2013

Nebraska, voltaremos!

Colheita de trigo em Nebraska

Saímos de Rapid City já pela 385, direção Sul, passando por Chadron, indo até Northport e , daí, na direção leste, até Ogallala, quando entramos na I-80. Seguimos nela até Kearney, uma pequena e interessante cidade por onde passam nada menos de seis rodovias. Dos vários museus que tem Kearney, escolhemos para visitar o Trails and Rails Museum -  bem interessante para quem, como eu, gosta de trens.
Fazendas em Nebraska

Continuando pela I-80 , passamos por Lincoln , a capital do estado de Nebraska, com parada apenas para um café. A beleza dos campos , das grandes lavouras, dos rebanhos, dos silos  e das fazendas começavam a deixar-me entediada. De Lincoln, continuando pela I-80, mas avançando mais para o norte, alcançamos Omaha.
Plantações junto à I-80

De interessante, sobre as cidades avistadas , fiquei sabendo que, em Chadron, Crazy Horse foi assassinado em 1877; os parques públicos de Nebraska são belíssimos e oferecem muitas alternativas para viagens familiares; Ogallala, após sua fundação, em 1867, ganhou fama como Gomorra das Planícies, quando a Oregon Trail trouxe para a cidade manadas de gado e muitos caubois texanos - histórias contadas em muitos filmes.
Restaurante Cracker Barrel
Fiquei sabendo também que North Platte foi o lar de Buffalo Bill e que sua casa é hoje parte do Buffalo Bill State Historical Park; pela trilha de 3200 km , entre Missouri e Oregon, passaram por Nebraska cerca de 500 mil pioneiros, que iam em busca de ouro e terra ferteis em Oregon e norte da Califórnia; que foi em Nebraska City que se iniciou o Arbor Day - dia da árvore; que Omaha tem um bom museu de arte,afiliado ao Smithsonian. Enfim, fiquei sabendo que, em todos esses lugares, tem meu restaurante preferido.
Em Iowa pela I-80

Depois de dois dias e continuando sempre pela I - 80, entramos em Iowa e começamos a nos sentir em casa. Reafirmo que ficamos devendo para Nebraska uma visita detalhada, como estou certa de que o estado merece.
Primeira vista de Iowa

domingo, agosto 18, 2013

Conhecendo os Estados Unidos: Nebraska

Paisagem dominante....

...milho e soja
....ou soja e milho.
Moderna I-80, cercada por milho e soja
Com essa visão de milho e soja ou soja e milho, atravessamos o estado de Nebraska. Decidimos deixar as cidades de Ogallala, North Platte , Lincoln - a capital - Nebraska City e Omaha para uma próxima viagem. Atravessamos o estado, tomando primeiro a direção sul e , depois , a direção leste, pela I - 80 , entrando, no dia seguinte, então, no estado de Iowa.

Pierre, a pequena capital de Dakota do Sul

Pierre : Palácio do Governo do Estado

Com 14 mil habitantes, Pierre, a capital de Dakota do Sul, é a segunda menor capital nos Estados Unidos. Entre as capitais, Pierre só é maior do que Montpelier, capital de Vermont, que tem 8 mil habitantes ( Vermont está na lista dos estados americanos que desejo visitar no próximo ano).

Capitolio

Pierre está localizada no vale do rio Missouri, nas planícies centrais de Dakota do Sul, numa espaço muito verde, mas sem muitas árvores, onde os campos parecem imensos clubes de golfe. Sua maior atração é mesmo o South Dakota State Capitol, construído em 1910, utilizando-se pedras dos campos de Dakota, calcáreo de Indiana e mármore de Vermont.

Bisão - símbolo do estado
Na sua construção, foram usados centenas de materiais artesanais, incluindo esculturas em madeira e em mármore  e trabalhos em latão e cobre - todos feitos a mão. Sofreu uma reforma que começou em  1977 e estendeu-se até 1989, a tempo da celebração do centenário do estado.

Escultura em mármore no Capitol


Pierre vem sendo reconhecida como cidade que se preocupa com a melhoria ambiental e trabalha com a finalidade de obter avanços significativos nessa área. Já recebeu , pela terceira vez, o prêmio "Crescimento" da Arbor Day Foundation, pelo seu programa de " melhoria ambiental e  maior nível de cuidado com as árvores  na comunidade.  O Conselho Arbor  orienta este programa e assiste a Comissão da Cidade no que se refere a questões urbanas e florestais. 


Combinação de cores em conjuntos de pinheiros

Apesar da visita bastante superficial, saí com boa impressão desta pequena capital. Simpatizei com o estado de Dakota do Sul. Ronald costuma dizer que considero a priori as pessoas agradáveis e os lugares bonitos. Avaliações, portanto, não são o meu forte.

Novamente na estrada...saindo de Dakota do Sul
"Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo.
À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se
Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma,
E é eterna e de todos os lugares a frescura que sobe por tudo."


Fernando Pessoa

sexta-feira, agosto 16, 2013

Dakota do Sul: Custer State Park

A caminho do Custer State Park
Nem se precisa conhecer bem os Estados Unidos para já se ter visitado vários parques. São muitos e estão distribuídos por todo o pais. A grande maioria deles são estaduais. Há, no entanto, os grandes parques nacionais, como Badlands, Gran Canyon, Yosemite, Yellowstone e Theodore Roosevelt. O Serviço Nacional de Parques ( NPS) é uma agência do governo que administra os parques e monumentos nacionais e outras propriedades de valor histórico. Já fiz a lista dos parques todos que desejo conhecer. 

Na entrada, o símbolo do parque
Já no final de nossa visita a Dakota do Sul, estivemos, durante um dia, percorrendo o Custer State Park. Com baixa velocidade e muito cuidado com os animais, que , soberanos, passeiam calmamente por todos os espaços, cruzamos por  estradas lindas, com deslumbrantes paisagens por todos os lados.

Dona do pedaço!
Neste período de férias, vêem-se famílias em carros que parecem levar metade da casa e crianças que se encantam com surpresas que acontecem a todo momento. Não só crianças. Eu realmente fiquei surpresa e encantada, por exemplo,  com a tranquilidade com que este animal atravessou a estrada , enquanto nós, que paramos o carro, esperávamos que ele terminasse a travessia.



O Custer State Park tem uma área de, aproximadamente , 30 mil hectares.Vivem , nesse espaço, assim como muitos outros animais, um cervo de cauda branca (Odocoileus), o whitetail, um cervo nativo de tamanho médio, encontrado no Canadá, no México e nas Américas. Têm hábitos principalmente noturnos , mas podem ser vistos a qualquer momento, no ano todo.

Bisão, perto da estrada, passeia tranquilo
Vivem , nesse espaço também, 1300 bisões, que constituem o maior rebanho existente, em espaços públicos, no mundo. Eles podem crescer até dois metros de altura e pesar até uma tonelada. Foram reintroduzidos no parque após a caça e o abate que os reduziu  de 60 milhões para 250 mil. Os bisões são animais muito fortes, que podem subir terrenos íngremes e pular cercas. Às pessoas, recomenda-se cautela ao aproximar-se deles.

Construções típicas
Muitos alojamentos são oferecidos no Custer, cada um com identidade própria e diferenciada. Estão , ainda, disponíveis para aluguel,  nesses alojamentos, jeeps, camionetes, motos, lanchas e botes. Para informações, pode-se acessar custerstatepark.info. É bom saber também que o Walmart permite que, gratuitamente,  trailers e carros passem a noite no estacionamento desse supermercado, economizando, assim, uma diária de hotel. Exige-se, entretanto, que seja feita uma reserva por telefone, combinando a hora de chegada.
Granito
Em toda esta área, encontram-se formações de granito em bonitas cores. Mais resistente do que o mármore, o granito é uma rocha ornamental, bastante usada na construção civil, em razão de sua durabilidade, estética e praticidade - é fácil de limpar e de conservar em bom estado. Os Estados Unidos é grande exportador e usuário de granito.

Ponte na estrada de saída do Parque
Custer State Park é um passeio que recomendo para jovens, adultos e adultos com crianças. Estradas que serpenteiam pelas montanhas; florestas com árvores gigantes; riozinhos, cascatas, lagos e fontes; indicações  e orientações claras e frequentes; possibilidade de , a qualquer momento, poder ver e fotografar bisões, cães de pradaria, carneiros selvagens e outros bem mais raros, como o lince e o coyote. E, mais ainda, a profunda sensação de beleza, harmonia e paz.

Rochas no interior do Park

"Ah! Querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este sol, e estes prados,e estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é um prado mais prado que estes prados,
O que quero é flores mais flores que estas flores.
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira."


Fernando Pessoa

Bye,Bye..

quinta-feira, agosto 15, 2013

Dakota do Sul: Crazy Horse Memorial

Crazy Horse
Como ocorre na preparação de qualquer visita a monumentos, necessário se torna uma leitura preliminar do contexto em que esse monumento foi planejado e construído e a razão por que o levaram a existir. Para bem admirar Crazy Horse, podemos, por exemplo, recordar o filme Dança com Lobos, dirigido por  Kevin Costner e rodado aqui mesmo, em Dakota do Sul e nestes parques....

Crazy Horse

....ou podemos retroceder e lembrar sangrentos conflitos entre índios e não índios nos Estados Unidos, como o que  ocorreu entre o exército comandado por George Armstrong Custer e os guerreiros sioux e cheyenne,  liderados pelo chefe Touro Sentado

Crazy Horse em construção

Verdade que , desde 1874, quando a expedição de Custer descobriu indícios de ouro em Black Hill, esses povos indígenas perderam a paz. Com tratados enganosos, foram levados a abandonar suas terras, ocupadas, a seguir, por  mineiros, especuladores e colonos, que transformaram essas montanhas antes sagradas em terras para aventureiros.

Crazy Horse ...como deverá ficar
O oeste americano foi conquistado. Desde tempos imemoriais, essa região era ocupada por índios de diferentes etnias. Após a Independência, o país avançou para o oeste, forçando os povos indígenas a migrar e, com isso, abandonar muito de seu estilo de vida. O mesmo já havia acontecido na conquista da Região dos Grandes Lagos. História também vivida pela América do Sul e também contada na ótica dos vencedores. Lá, como aqui, faz-se hoje releitura e a mea culpa.

Escultura no Crazy Horse Memorial

O Crazy Horse Memorial foi a resposta dos índios à escultura dos Presidentes. Numa área próxima a Rushmore , está sendo construída a escultura que ,quando for completada, será a maior do mundo, em homenagem a um grande líder sioux, o guerreiro Crazy Horse, nascido nesta região, que costumava dizer:  Minhas terras são onde estão enterrados os meus mortos.

Foto de parte do projeto
A estátua desse Grande Líder Indígena Crazy Horse terá mais de 170m de altura. Até agora, somente foi concluído o rosto, que tem altura superior a 25 metros. O início da obra foi em junho de 1948. Seu final pode ser daqui a 100 anos. A retirada de pedras à base de dinamite é um trabalho infindável - não há, portanto,  previsão para término.

Projeto total da escultura
Um escultor americano, Korczak Ziolkowski, de origem polonesa, assumiu , com a ajuda da esposa Ruth e de sete filhos,  a construção dessa obra. Ele havia sido assistente de Gutzon Borglum, o escultor do Mount Rushmore, em 1939. Pouco depois desta data, o chefe Sioux Henry Standing Bear escreveu-lhe perguntando se ele faria uma escultura gigante dedicada aos índios americanos - para que os homens brancos soubessem que os homens vermelhos tinham grandes herois também.

Grande portão do Crazy Horse Memorial

Korczak dedicou o resto de sua vida a essa escultura. Morreu em 1982, com 74 anos. A escultura , entretanto, continua em execução, como iniciativa privada. A família ainda está à frente do projeto e segue os passos do pai, um grande idealista, com visão histórica e visão de futuro,  que acreditava na iniciativa e poder de realização individual.

Detalhe do Museu do Memorial

Numa área fantástica, o Memorial tem, além da escultura, o studio-home e workshop de Korczak Ziolkowski, o Indian Museum of North America, uma loja de presentes, o Native American Educational Center, tudo num grande e bonito espaço, que se adentra através de um magnífico portão de ferro, todo ele decorado com elementos da flora e da fauna local, esculpidos em cobre. É passeio para um dia...ou mais para quem gosta de trilhas e aventuras.

Portão do Crazy Horse Memorial
"O que salvamos, o perdemos.
 O que pensamos, já o fomos.
 Ah, e só guardamos o que demos
 E tudo é sermos quem não somos."


Fernando Pessoa

terça-feira, agosto 06, 2013

Dakota do Sul, o estado do Monte Rushmore.

Mount Rushmore, Dakota do Sul

Gostaria de , um dia, dizer que eu realmente conheço os Estados Unidos. Conhecer Dakota do Sul foi um avanço neste mapa de 50 estados, tão diferenciados entre si. É um lugar bonito e interessante de visitar, localizado na região centro-oeste, limitando-se  ao norte com Dakota do Norte, ao sul com Nebraska, a leste com Minnesota e Iowa, e a oeste com Wyoming e Montana. Sua capital é Pierre, a segunda menor capital de estado, nos US, com 14 mil habitantes.
Inesquecível visão do Mount Rushmore
O nome do estado provém dos índios sioux, que chamavam a si mesmos de dakota, palavra cujo significado é  amigo. É o 17º maior estado americano em área do país. A agropecuária tem sido historicamente sua principal fonte de renda. Dakota do Sul possui 33 mil fazendas, que cobrem mais de 90% de sua área total. É um dos grandes produtores nacionais  de trigo, milho, sementes de girassol,  leite e carne. Vivem ainda aqui  60 mil indígenas.

Rio Missouri

O rio mais importante de Dakota do Sul é o Missouri, que  divide o estado no sentido norte-sul. O Missouri e seus afluentes banham praticamente todo a área, com exceção da região nordeste.  O maior lago de Dakota do Sul e o artificial Lago Oahe,  o reservatório da Represa Oahe. A estrada I-90 , por onde viajamos, corta o estado no sentido leste-oeste.

Painel do Corner Palace
Para conhecer o Corn Palace, um grande auditório em estilo mourisco, construído em 1921, visitamos a pequena e movimentada cidade de Mitchell, com cerca de 20 mil habitantes, neste grande centro produtor de gado, milho e outros cereais. Muitos turistas e viajantes vêm a Mitchell para ver, no Corn Palace, principalmente os paineis, que , de fato,  são belíssimos.

Painel do Corn Palace
Feitos todos com palhas e com espigas de milho de diferentes variedades e diferentes cores, os paineis, distribuídos tanto na fachada do prédio, quanto nas suas grandes paredes internas, são modificados anualmente e movimentam artistas da região desde quando o prédio foi construído. Retratam cenas agrícolas de Dakota do Sul. Havia uma exposição no local - com muita quinquilharia chinesa. Gostei mesmo só dos paineis e dos arranjos feitos com palhas, plantas e espigas de milho.

Interior do Corn Palace

Nossa próxima visita foi a um lugar totalmente dispensável : uma pequena cidade cuja atração principal é centro dela , que se assemelha a cenários de filmes do Velho Oeste - um quarteirão com lojas, armazém, restaurantes, pequenos museus, igreja, prefeitura , correio,delegacia e muita gente circulando ( turismo interno mesmo ). O que de mais interessante eu vi nesse lugar, num setor artesanato típico, foram as fundas ou bodoques da minha infância rural.

Artesanato da região
Com grande expectativa, chegamos a Rapid City, que é hoje, a grande cidade das Black Hills,  montanhas sagradas dos índios Dakota, Lakota e Cheynne, para onde eles se retiravam à procura de orientação do Grande Espírito. Com 70 mil habitantes, boa estrutura hoteleira e bons restaurantes, é a segunda maior cidade de Dakota do Sul, atrás apenas de Sioux Falls.

Esculturas no Monte Rushmore
Atualmente, a importância dessas belas e grandiosas montanhas decorre, em grande parte, de sua proximidade com  Mount Rushmore, Crazy Horse e Custer State Park, objetivos principais desta nossa viagem. Fomos , a partir de  Rapid City,  pela US 385, cheia de curvas e cercada por panoramas fantásticos,  até essa área de 201 km por 105 km , onde começamos vendo o Mount Rushmore National Memorial.
Memorial a partir da estrada

Entre 1927 e 1941, o escultor Gutzon Broglum e 400 trabalhadores esculpiram no Monte Rushmore, em Black Hills, os rostos de quatro presidentes dos Estados Unidos: George Washington, o primeiro presidente dos EUA, Thomas Jefferson, autor da declaração da independência, Theodore Roosevelt, que conquistou maior conhecimento e liberdade econômica, e Abraham Lincoln, que lutou pela união do país durante toda guerra civil.  Essa escultura é uma das atrações turísticas mais conhecidas do mundo, rendendo ao estado de Dakota do Sul o cognome de The Mount Rushmore State.

Foto da foto: escultor trabalhando
 Os gigantescos rostos, de 15 a 21 metros de altura, foram construídos com modernos instrumentos de engenharia, dinamite e martelos pneumáticos, a 150 metros de altura.Ideia do pintor e escultor Gutzon Borglum, inicialmente, era para ser feito apenas um busto, mas houve muita indecisão em relação a qual deveria ser construído. Após a decisão do primeiro busto a ser construído, foram montados os primeiros andaimes em 1927.  Borglum morreu pouco tempo antes de completar o seu trabalho. Terminada por seu filho, Lincoln, a obra foi inaugurada em 1941.

Estrada de acesso ao Memorial

Muito interessante é o museu que abriga  ferramentas, desenhos,vídeos  e  fotos que contam a história da construção do Monumento dos Presidentes. Numa dessas fotos, Gutzon Borglum, o escultor, trabalha ao lado do nariz de um dos presidentes; em outra, está ele trabalhando praticamente dentro de uma orelha. Rushmore vale uma visita - com certeza. No  local, há restaurantes, lojinhas, mirantes e passeios orientados. Deixaremos para o post seguinte mais duas atrações magníficas desta região: Crazy Horse e Custer State Park. Imperdíveis visitas também.

"Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pelas mãos das Estações
A seguir e a olhar."


Fernando Pessoa