segunda-feira, setembro 24, 2007

"Foi o 20 de Setembro...."


Todo gaúcho que se preza, festeja a Semana Farroupilha . Se não ganhamos a guerra, ganhamos o direito de fazer festa!

Festeja-se essa Semana, em todo o Brasil - onde há gaúcho naturalmente. Gugu e eu , quando morávamos na Bahia, chamávamos outros gaúchos para o almoço: comíamos um "carreteiro" (arroz,é claro!!) , cantávamos o Hino Rio-Grandense, bebíamos vinho e exaltávamos as qualidades do Sul. Quanto mais vinho, mais qualidades! Mas nunca tivemos arroubos separatistas. Amamos o Nordeste.


Agora , morando no Alegrete, onde o Sul é mais Sul, vivo a Semana Farroupilha como a maior festa do ano. Imaginem 10 mil cavalos , com 10 mil pessoas em cima obviamente, desfilando pela cidade, no dia 20 de setembro, encerrando um festerê de oito dias. Bem...alguns, como eu, vão para a campanha ou para fora, como se diz na região, referindo-se ao interior dos municípios.

O nosso lá fora chama-se Bela União, nome dado pelo meu pai, já faz muitos anos. Minha mãe dizia tratar-se de um lugar abençoado, pacífico, sem que nenhuma tragédia ali ocorresse.Um lugar muito bonito, rústico e verde, pleno de lembranças, de história e de afetos.


Lá fora, comemorou-se a data também. Família reunida, churrasco, causos e recordações de infância. Choveu muito, mas valeu o convívio dos mais velhos com os jovens e as crianças. Estava até o Joaquim, de três meses, que fazia sua primeira visita ao locus dos antepassados de seu pai. Nossas crianças cresceram! Logo estarão mostrando a casa que foi nossa, como mostramos nós a casa de nossos avós e nossos pais.


Bem...continuo, por enquanto, cantarolando:


"Como a aurora precursora
do Farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.


Mostremos valor constância
nesta ímpia e injusta guerra;
sirvam nossas façanhas
de modelo a toda a terra.




Mas não basta p’ra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo;
povo que não tem virtude

acaba por ser escravo."

Fotos de:

Aldema e

Almir Menine

sábado, setembro 15, 2007

"...chove sem parar."




Chove muito.


Sinto saudades de pessoas, lugares, momentos, sabores, formas e cores. Saudades dos sonhos, das utopias, das crenças, dos desafios enfrentados, dos problemas solucionados, dos resultados alcançados.
Se a chuva parar, sairei para fora de casa - e essa nostalgia certamente desaparecerá. Dará lugar à euforia pela mudança de estaçao. Já se sente a primavera nas brotaçoes verde-jovem de todas as plantas, nas flores perfumadas das bergamoteiras e laranjeiras, na profusao de cores e formas dos pomares e jardins.

Minha amiga Cleuza Alonso , ao referir-se à experiência de viver no Nordeste, falava da tristeza causada pelas ausência das quatro estações. Sempre calor.Sempre igual. Era como se viver em banho-maria , segundo ela. Durante os anos em que morei na Bahia, também experimentei essa sensação. Talvez por isso me encante tanto a percepção da troca , às vezes lenta, às vezes abrupta, de estações, sentida um pouco pelo clima, muito mais pelas transformações no ambiente.

Planto muito, principalmente árvores. Patati escreveu uma vez que meu grande mérito não era plantar, era jamais perguntar quem comeria os frutos. Verdade. Minha mãe também era assim – nem se perguntava se chegaria ver os frutos. Acredito que a historicidade é componente da alegria de viver: planta-se sabendo que antes de nós alguém plantou e que depois de nós alguém plantará – e mais flores e frutos povoarão o mundo. Beleza e alimento. Fundamentais.
"Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
.............................................
Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
Dentro do meu coração."
Fernando Pessoa